França Antártica
Ça va, je suis très bien. Et vous ?
Você sabia que nós cariocas poderíamos estar falando francês hoje em dia?
Isso mesmo, a França não satisfeita com a divisão das novas terras entre Espanha e Portugal, não reconhecia o Tratado de Tordesilhas, Dizendo:
“O tratado não nos vincula. Temos o direito de explorar terras que não estão ocupadas de fato”.
Mas alguns historiadores dizem que eles falaram assim:
“Mostrem-nos a cláusula no testamento de Adão que exclui a França da partilha do mundo.”. Fantástica essa ideia!
E sob esse argumento a França decide criar uma expedição colonizadora conhecida como França Antártica e que foi comandada por Nicolas Durand de Villegagnon.
Como já conheciam a região, chegaram na Baía de Guanabara já como aliados dos Tupinambás, indígenas que viviam na ali.
Era uma missão de colonização, mas exploravam também muitas riquezas e enviavam para a França, como exemplo o Pau Brasil.
Villegagnon era católico e simpatizante dos protestantes calvinistas, pelo menos demonstrou assim, e devido aos conflitos entre protestantes e católicos em seu país, aproveitou para conseguir apoio dos protestantes afirmando que seria uma colônia em que católicos e protestantes viveriam em paz. Será?
Ao chegarem na Baía de Guanabara construíram uma fortificação chamada de Fort Coligny em uma ilha bem próxima ao continente, chamada pelos indígenas de ilha de Serigipe, que nos meus estudos pode ter o significado de “Rio dos siris”.
Essa ilha é onde hoje se encontra o Colégio Naval, bem ao lado do aeroporto Santos Dumont.
A relação que ele praticava com os nativos era uma relação comercial, ele negociava mercadorias e evitava assim os confrontos, seguindo essa estratégia Villegagnon conseguiu a confiança dos Tupinambás, mantendo uma relação amistosa com eles, e ainda tinha uma carta nas mangas, porque os Tupinambás eram inimigos declarados dos portugueses. Inclusive, participavam da Confederação dos Tamoios, criada especialmente para combater os portugueses. E é claro que eles não eram bobos, também teriam ajuda com as armas francesas, seria fundamental o uso dessas armas contra os portugueses.
Os portugueses por sua vez, já sabiam do tráfico de mercadorias que os franceses faziam no Brasil em especial na Baía de Guanabara, mas com a construção do forte Coligny e a chegada de mais colonos, majoritariamente protestantes que ao chegarem celebraram dia 10 de março de 1557 o primeiro culto protestante do Brasil e das Américas, claro.
Com isso, as coisas mudaram, os padres jesuítas como Manoel da Nóbrega e José de Anchieta junto com capitãs coloniais informaram as autoridades, a ameaça de povoamento francês e principalmente a ameaça da fé católica.
Que por sinal, foi um dos motivos de rompimento na liderança da França Antártica, causada principalmente sobre a divergência do significado da Eucaristia, fazendo com que Villegagnon volta-se para a França em janeiro de 1558.
A Coroa Portuguesa então envia uma expedição militar em 1560 com o Governador geral do Brasil Mém de Sá que estava em Salvador, para expulsar os franceses.
Ele chega no início de março fortemente amparado, com dezenas de embarcações e centenas de soldados e indígenas aliados, se posiciona estrategicamente e no dia 15 de março e começa os fortes ataques ao forte que em poucos dias foi completamente destruído, e no dia 17 os portugueses celebram a primeira missa na ilha.
Com a destruição do forte, os franceses que ali estavam adentraram no continente com armas e se fortificaram com os Tupinambás em mata fechada, alguns foram para outras regiões como Cabo Frio.
A ameaça francesa estava controlada, mas não exterminada. Os portugueses fizeram um tratado de paz com a confederação dos Tamoios em 1563, mas em 1565 rompem o tratado e enviaram Estácio de Sá em uma expedição para fundar a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1º de março de 1565, dando início a uma ofensiva para acabar de vez com a ameaça francesa e da confederação dos Tamoios, tendo seu fim no dia 20 de março de 1567 com a batalha de Uruçumirim.
E com isso, o fim também dos cariocas “Parlar France”